10 de fevereiro de 2019

Um Dia da Árvore

Aniversário não era a data de que mais gostava, quando criança. Mas o Dia da Árvore... Ah, o Dia da Árvore! 

Na escola, era usual a distribuição de mudas aos alunos. A diretora ia pessoalmente a cada sala de aula para oferecer uma mudinha nativa da Mata Atlântica. Na minha cabeça de menina, era a comemoração perfeita da vida, inclusive, da minha. Era um dia especial para nascer, não lhe parece? E confesso que gostaria de encontrar em mim muitas das características atribuídas à personificação - que insistimos em fazer com tudo - deste ser que parece estável, profundo, observador, acolhedor, protetor, resistente.


O detalhe era que todas as crianças poderiam levar uma das mudinhas, DESDE QUE MORASSEM EM CASA.  
Eu, cria de apartamento, não poderia ser presenteada com aquele que seria o melhor mimo de todos! 

Poxa, isso aconteceu por alguns anos seguidos e era sempre frustrante. Fui ensinada a falar a verdade, apesar dos impulsos pueris, quase arrebatadores, de satisfazer o sonho de ter uma árvore tão "aniversariante do dia" quanto eu. Intimamente, brigava com os ensinamentos recebidos na família e o desejo de ter nas mãos um símbolo dos predicativos que almejava ter na personalidade. Parecia mais fácil aprender com eles em mãos.

Passados os anos, a vida me mostrou que não tenho dedo verde, como o do garoto do livro, e é melhor que as plantinhas morem no quintal alheio. A menina que mora em mim, e que adora árvores, ensinou-me a criar raízes, a admirar a capacidade de resistir às estações, que o silêncio só deve ser quebrado com a agressividade das tempestades, que a poda é dolorosa, porém necessária.


Feliz Dia da Árvore!

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